Você já parou pra pensar que aquele comprimido que tomou pode acabar em rios, lagos ou solo? Não é só uma história de filme; é realidade. Quando descartamos remédios errados ou quando eles são excretados pelo nosso corpo, acabam chegando ao meio ambiente e podem causar efeitos inesperados.
A maior parte dos fármacos sai do nosso organismo pelas fezes e urina. Essa água suja vai para o sistema de esgoto, e embora as estações de tratamento removam boa parte das impurezas, muitas substâncias ainda escapam. Além disso, medicamentos vencidos ou que não usamos mais são jogados no lixo comum ou até na pia, aumentando a carga contaminante.
Um exemplo recente é a primaquina, usada contra a malária. Estudos mostraram que traços desse antimalárico foram detectados em águas de rios próximos a áreas urbanas. Mesmo em baixas concentrações, a droga pode interferir no desenvolvimento de organismos aquáticos, afetando peixes e insetos.
A boa notícia é que cada pessoa tem um papel simples nessa batalha. Primeiro, nunca descarte medicamentos pela pia ou vaso sanitário; procure pontos de entrega segura em farmácias ou postos de saúde. Segundo, mantenha os remédios bem armazenados e verifique datas de validade – quando estiver vencido, leve ao local correto.
Outra atitude prática é apoiar iniciativas que incentivam o tratamento avançado de água. Se sua cidade investe em tecnologias que filtram resíduos farmacêuticos, a pressão da comunidade ajuda a acelerar esses projetos.
E tem mais: ao conversar com seu médico ou farmacêutico, pergunte se há versões do medicamento com menor carga ambiental ou opções de dose que reduzam o desperdício. Pequenas escolhas no dia a dia podem fazer grande diferença para rios, solos e, claro, nossa própria saúde.
Então, da próxima vez que abrir um frasco de comprimidos, lembre-se: cuidar da sua saúde também pode ser um ato de proteção ao planeta. O equilíbrio entre bem‑estar humano e preservação ambiental está nas mãos de quem usa o remédio com consciência.